Traficante é solto após confusão com fax em São Paulo
ANDRÉ CARAMANTE
RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo
A confusão na entrega de um mandado de prisão preventiva contra o traficante Fernando Henrique Pereira de Sousa, 27, o Zóio, preso em setembro pela PF e acusado de porte de explosivos e de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), fez com que ele fosse libertado no início da madrugada de ontem.
De um lado, a PF diz que cobrou a Justiça o dia inteiro sobre a decisão e que só encontrou o fax com a ordem às 4h30 de ontem, após expirar o prazo da prisão temporária --por 30 dias-- do traficante. O prazo acabou à meia-noite de anteontem, data em que Sousa fez aniversário.
Do outro lado, a Justiça diz ter enviado dois faxes no tempo certo e também ter tentado informar à PF por meio de três números de telefone, mas que não havia ninguém na PF para receber a decisão da prisão.
Segundo o juiz do caso, Davi Capelatto, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), do Tribunal de Justiça de SP, "todos os esforços foram feitos" para contatar os agentes.
Sousa estava preso desde o dia 15 de setembro na superintendência da PF, na Lapa (zona oeste). Além de ter uma condenação por tráfico, da qual recorre hoje, ele é suspeito de ter tentado derrubar a muralha da penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos (Grande SP), para resgatar presos do PCC.
Foragido
Em documento enviado à Justiça, a PF diz que havia alertado sobre o prazo e a necessidade de uma decisão desde o dia 9. Diz ainda que na própria terça-feira indagou os funcionários da Justiça sobre a prisão, mas não obteve resposta.
O juiz Capelatto, por sua vez, afirma que o Ministério Público demorou muito para finalizar seu parecer, obrigatório por lei, e que por isso só pôde tomar sua decisão pela prisão no último dia. Segundo escreveu em despacho, a prisão foi decretada às 19h15 e, na seqüência, o documento foi enviado pelo escrevente por fax.
O horário de expediente da PF acaba às 18h. Mas a PF afirma que, mesmo assim, havia funcionários à espera do fax.
Em ofício ao Dipo, a PF diz que o fax só foi achado por volta das 4h30, num aparelho em outra delegacia, a Delepat (Delegacia de Repressão a Crimes Patrimoniais), que também fica na sede da PF.
"Pois bem, Fernando [Sousa], criminoso de alta periculosidade, foi solto à meia-noite, devido ao vencimento do prazo de sua prisão temporária e ao não recebimento de nenhuma comunicação de prorrogação de sua prisão", escreveu a PF.
Depois disso, ainda de acordo com a PF, agentes tentaram encontrar Sousa, mas não conseguiram até o fechamento desta edição, considerando-o agora como um foragido.
O juiz encaminhou a questão para análise das corregedorias da PF e do Ministério Público. AFolha não conseguiu localizar ontem o promotor que atuou no caso.
A advogada Fabiana Kelly Pinheiro, defensora de Sousa, disse ontem ter feito um pedido à Justiça para que seu cliente responda em liberdade ao inquérito policial aberto contra ele pela PF, por tráfico de drogas, porte de explosivos e ligação com o PCC, que o deixou preso por 30 dias.
"Ele [Sousa] não fez nada de errado. Simplesmente acabou o prazo da prisão temporária e, como não havia outro documento que determinasse sua permanência na prisão, ele foi para casa, onde está agora", disse a advogada.
Em depoimento à PF em setembro, Sousa, que já esteve preso no presídio Adriano Marrey, negou ter praticado crimes. Ele disse que "foi absolvido por um roubo, teve um processo arquivado por porte de arma e receptação e aguardava em liberdade trânsito em julgado da sentença condenatória por tráfico de drogas".
fonte: www.folha.com.br
Com a palavra o aparelho de FAX.
Na minha opinião o aparelho de FAX é do PCC ou faz parte de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas.
Espero que a PF já tenha recolhido o FAX ao xadrez.
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